Monday, January 01, 2007

Na antevespera da mudança de ano

Tento juntar as peças
Para ver o que me resta
"Esta aqui também não presta"
Sinto-me numa remessa
De bocados estragados,
Por mais esforços esforçados
Que eu tenha,
É sozinho que me configuro,
No presente e no futuro
Porque a mim ninguém me amanha
O chão irregular
Que insisto em pisar.

Novo ano a iniciar
Longe de saber o que me espera.
Só essa incerteza já me altera,
Impossível não me enervar
Com este reboque
De preocupações
Que parece ter um stock
Baseado em milhões!
Não sei que te diga!
"Como é que andas?"
Eu respondo "Bem, sem espiga"
Só para encurtar a resposta
Porque no olhar tu nao mandas
O meu, irrita de tão sincero,
E eu não gosto que a visão oposta
Veja mais que aquilo que eu quero!
Ando na constante e mental trincheira
Escondendo-me, à minha maneira
Já nao tenho força para o mar alto
Por isso nado só aqui à beira...

primeiro do ano, escrito pelo mesmo cigano...

Natal?

Numa noite igual às outras
Mas encarada de forma diferente
As pessoas devoram montras
Mesmo que em estado deprimente
De obrigação na compra material
"Tenho de ficar bem em frente àquela gente!"
E adjectivam a inflacção de banal
Tal é a concentração
Na mera e inútil fachada.
Importante será que não se note nada
Nem que quem comprou todo aquele cabaz
Foi pouco mais que uma pessoa desenrascada!
Vêm-me falar de Natal na paz?!

Eu optei,
Muito do que vocês sabem
Fui eu que ensinei
Por isso respeitem
A minha vontade
Este ano esqueci-me de comprar a bondade.

Este Natal, passou-se menos mal.
Aprendi a ver a noite bonita, aquela que muitos chama de esquisita.